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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Olha que figura interessante, boa para estudos futuros

Texto enriquecedor

Maioria dos adolescentes é sedentária; um terço está acima do peso
Fonte: Folha.compublicidade

Pelos critérios da Organização Mundial de Saúde, menos da metade dos adolescentes brasileiros podem ser considerados ativos do ponto de vista físico. Quase um terço deles está acima do peso.

As causas apontadas para a inatividade vão do hábito de ficar em frente à TV ou ao computador até a falta de segurança para brincar na rua.

O dado é de um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) que avaliou 4.325 jovens entre 14 e 15 anos.

Só 48% praticam os 300 minutos de atividade física semanal recomendados pela OMS -cerca de uma hora por dia. E os meninos são duas vezes mais ativos do que as meninas.

Os resultados podem ser extrapolados para o país, e equivalem ao cenário mundial: pesquisa da OMS feita em 34 países mostra que só 24% dos meninos e 15% delas preenchem os critérios mínimos recomendados.

EDUCAÇÃO FÍSICA

Para chegar à conclusão, os pesquisadores brasileiros avaliaram a prática de atividade física de lazer (como futebol, natação, skate etc.); a atividade física de deslocamento, que considera se o jovem costuma ir à escola a pé ou de bicicleta; e a soma desses dois hábitos.

Segundo o educador físico Samuel Dumith, autor do estudo, as aulas de educação física não foram consideradas porque elas não são feitas nem em quantidade nem em qualidade necessárias para promover benefícios à saúde.

"Os adolescentes não levam a educação física a sério e fazem os exercícios sem intensidade e regularidade."

Apesar de a pesquisa mostrar que 75% dos adolescentes fazem alguma atividade de lazer e que 73% deles caminham ou vão de bicicleta até a escola, o estudo provou que as duas ações juntas não alcançam o mínimo recomendado de exercício.

"Os jovens priorizam as atividades sedentárias, e isso é muito preocupante. Eles estão acima do peso e ficam, em média, quatro horas por dia em frente à TV, ao videogame ou ao computador, enquanto se dedicam menos de uma hora por dia para os exercícios", afirma Dumith.

Para Marlos Domingues, outro autor do trabalho, a falta de segurança explica parte dessa situação. Além disso, o nível de sedentarismo entre os pais também é alto, o que pode acabar influenciando os hábitos dos "teens".

"Já não se brinca na rua. A pessoa depende de alguém para levá-la às escolinhas de esportes", diz Domingues, que é educador físico.

Para ele, os resultados são "uma surpresa" porque, nessa faixa de idade, é difícil sofrer falta de tempo para justificar a pouca atividade.

"A surpresa fica por conta da tragédia que esperamos daqui a alguns anos. Todos serão sedentários", diz Timóteo Araújo, educador físico que dá assessoria ao programa Agita São Paulo.

Domingues concorda. "Os prejuízos à saúde só serão vistos mais tarde. A chance de continuarem sedentários na idade adulta é altíssima."

por FERNANDA BASSETTE e GABRIELA CUPANI

terça-feira, 8 de junho de 2010

Parte do artigo abaixo

Do artigo abaixo, estudaremos apenas essa parte. O trabalho final do 2º bimestre será reescrevê-lo em 20 linhas...Vamos tentar??
Entrega dia 21/06/10, no caderno


Estrutura acadêmica de Cinesiologia e Educação Física (Tani, 1989).
A Cinesiologia estudaria não só os mecanismos e funções do movimento humano, mas também os processos de mudança que o mesmo manifesta ao longo do seu ciclo de vida, sejam como conseqüência do desenvolvimento ou da aprendizagem. Ela estudaria também o significado bio-psico-sócio-cultural do movimento humano em suas diferentes formas de manifestação e, neste sentido, necessitaria modificar a visão restrita de movimento de outrora, passando a considerá-lo na relação dinâmica entre o ser humano e o meio ambiente. É preciso ver o movimento como um sistema organizado horizontalmente através da interação entre os elementos que o compõem e estruturado verticalmente em múltiplos níveis, assumindo característica do que é comumente denominado de complexidade organizada. E, por ser complexo, ele deve ser merecedor de uma abordagem em diferentes níveis de análise.
Na realidade, com essas colocações, está-se enfatizando a relevância do paradigma sistêmico para a estruturação dessa área de conhecimento. O paradigma sistêmico pode ser descrito de diferentes formas. Por exemplo, como uma visão sistêmica (Laszlo, 1972), em que o todo não é visto como somatória de partes, mas sim como algo que surge da interação das partes. A visão sistêmica procura entender o todo não a partir das partes, mas sim a partir do todo identificar a função das partes e a relação que as partes mantém entre si para que o objetivo do todo seja alcançado. É uma visão do todo organizado hierarquicamente, ou seja, em diferentes níveis em que a relação todo-parte não é absoluta, mas relativa. Em outras palavras, ela é holonômica (Koestler, 1967). O paradigma sistêmico implica uma visão de sistemas abertos, isto é, sistemas que interagem com o meio ambiente através da troca de matéria/energia e informação e que estão em constante busca de estados mais complexos de organização via adaptação. Sistemas abertos são sistemas em não equilíbrio que mudam, evoluem e evitam o aumento de entropia previsto pela 2ª lei da termodinâmica (Bertalanffy. 1968). Recentes avanços do paradigma sistêmico têm projetado uma visão de sistemas dinâmicos não-lineares, em que a interação entre os componentes faz surgir uma ordem macroscópica emergente não previsível a partir do conhecimento das partes, e esta ordem macroscópica é retroalimentada influenciando o comportamento das partes (Lewin, 1993).

Entendendo-se que fenômenos e eventos complexos podem, dentro do paradigma sistêmico, ser analisados em diferentes níveis, onde os modos de descrição, embora irredutíveis, são vistos como complementares (Pattee, 1978), acredita-se que o conjunto das contribuições de estudos, dentro dessa visão do movimento humano, possa resultar num corpo de conhecimentos coerentemente organizado, capaz de evidenciar uma identidade acadêmica claramente definida. Nessa perspectiva, para que a Cinesiologia possa ser bem sucedida, é fundamental a compreensão de que, em cada nível de análise, existem epistemologias e metodologias adequadas (veja, por exemplo, Arnold, 1993; Estes, 1994; Park, 1991), mesmo que de forma provisória, característica essa inerente à ciência. Se, por exemplo, a fenomenologia e a hermenêutica são consideradas abordagens epistemológicas e metodológicas apropriadas para se estudar fenômenos macroscópicos em nível sócio-cultural de análise, a abordagem experimental tem mostrado sua eficácia nos estudos em níveis mais microscópicos. Certamente, a possibilidade de sucesso da abordagem hermenêutica é remota na Bioquímica do Exercício, assim como da abordagem experimental na Antropologia do Jogo. Além disso, apesar de intimamente relacionadas, é importante distinguir-se epistemologia reducionista e metodologia reducionista. A busca da relação causa-efeito simples, proposição básica do reducionismo, tem-se mostrado limitada no estudo de sistemas não-lineares, o que remete à necessidade de uma mudança paradigmática nas pesquisas básicas. Entretanto, as limitações do reducionismo enquanto metodologia têm sido também impostas pelo próprio estágio de desenvolvimento da ciência e tecnologia. Muitas vezes, a natureza do problema a ser investigado sugere prontamente uma epistemologia mais adequada, mas não os detalhes metodológicos necessários para a operacionalização do estudo. Por exemplo, o problema da avaliação da veracidade de uma particular interpretação constitui-se uma das grandes dificuldades em estudos sócio-culturais (Harris, 1981).
Naturalmente, a abordagem de um determinado objeto de estudo exige constantes aperfeiçoamentos, não só metodológicos como também conceituais e teóricos, e isso remete à necessidade de se manter sintonia com as discussões e evoluções do pensamento científico que são essencialmente dinâmicas. A Cinesiologia não pode deixar de acompanhar as mudanças paradigmáticas da própria ciência. Muitos estudos conduzidos na área ainda têm como background o paradigma da ciência clássica, onde fenômenos são vistos como complexidades desorganizadas, e o pensamento analítico o único aceito e valorizado (Bertalanffy, 1968). Entretanto, os recentes avanços na ciência têm exigido dos pesquisadores da área reflexões profundas. Desordem tem sido considerada fonte de ordem. Observa-se auto-organização no mundo físico e o mesmo mecanismo começa a ser desvendado no mundo biológico e sociológico. Parecem existir princípios de organização universais que se aplicam a todos os sistemas dinâmicos, conforme previa Bertalanffy (1968). A ciência dirige sua atenção ao comum, às semelhanças, à essência. Fala-se em nova síntese (Laszlo, 1994). A teoria do caos deu o pontapé inicial e a teoria da complexidade revela que descontinuidades ocorrem quando sistemas dinâmicos se colocam no limite do caos, dando origem a um salto qualitativo (Lewin, 1993). A transição de fase é observada não só no mundo físico (Haken, 1977) como também no mundo biológico, por exemplo, na coordenação de movimentos (Kelso, 1984).

Deve-se esclarecer, entretanto, que não se está aqui propondo simplisticamente que essas novas idéias, hipóteses e proposições das meta-teorias da ciência sejam imediatamente transferidas ao universo da verificação empírica nas diferentes áreas, mas sim ressaltar que cabe ao pesquisador estar em sintonia com esses avanços sob pena de ficar desatualizado e descontextualizado.

As sub-áreas de Biodinâmica e Comportamento Motor, onde o método experimental é predominante, têm uma história mais longa de pesquisa. A sub-área de Estudos Sócio-Culturais, por outro lado, é mais incipiente. Neste sentido, é urgente a necessidade de se estimular e fomentar estudos nessa área como, por exemplo, pesquisas sobre o significado da atividade motora, sejam elas através da abordagem epistemológica e metodológica da fenomenologia, hermenêutica ou teoria crítica (veja, por exemplo, Bain, 1990; Fahlberg & Fahlberg, 1994; Fahlberg, Fahlberg & Gates, 1992; Harris, 1981). Como a gênese dessas abordagens está na crítica à abordagem positivista, experimental e quantitativa, e grande parte das pesquisas conduzidas em Biodinâmica e Comportamento Motor está dentro dessa abordagem, muitos pesquisadores da sub-área de Estudos Sócio-Culturais fazem da crítica a essas duas sub-áreas o seu objeto de preocupações, e não têm apresentado perspectivas concretas de pesquisa que enfoquem o fenômeno em si, ou seja, linhas de pesquisa claramente delineadas (veja, por exemplo, Park, 1987, 1991).

É fundamental reconhecer-se não só as potencialidades, como também as limitações das diferentes abordagens frente à complexidade. Na troca de farpas entre duas abordagens vistas de forma polarizada - positivismo de um lado e fenomenologia/hermenêutica/crítica de outro - não raro, são ressaltadas apenas as potencialidades de uma em contraposição às limitações da outra, o que pode induzir à “miopia” acadêmica.

Acredito que é na qualidade dos estudos em diferentes níveis de análise, segundo diferentes epistemologias e metodologias, que devemos dirigir nossos esforços. Não basta adotar uma abordagem, é preciso praticá-la, testá-la, aperfeiçoá-la e isso se dá conduzindo-se pesquisas qualitativamente aceitáveis. Aí reside também a visão de ciência que cada pesquisador possui e o conseqüente critério de cientificidade que adota para avaliar os estudos. Nesse universo, é muito comum também o pesquisador estabelecer dois pólos dicotomizados - racionalismo lógico ou relativismo céptico- e posicionar-se num deles, o que é muito cômodo mas igualmente perigoso, pois descarta o esforço de síntese. Ao meu ver, não existem verdades absolutas, mas existem asserções baseadas em probabilidades e não em certeza, que sobrevivem ao criticismo a partir de múltiplas perspectivas (Bain, 1990). Como coloca Chalmers (1990), não há métodos ou padrões universais, mas há padrões historicamente contingentes implícitos em práticas bem sucedidas. A ciência, dentro dessa perspectiva, pode ser vista como um processo contínuo de busca da verdade, verdade essa que poderá nunca ser alcançada, mas que a busca em si deixa como resultado um rico patrimônio a ser ainda mais explorado.

Normalmente, uma determinada abordagem traz implícito na sua construção, nos seus argumentos e nas suas propostas, críticas a outras abordagens. Neste sentido, é mais construtivo fazer essas diferenças transparecerem naturalmente nos estudos que se realizam dentro de uma abordagem do que continuar insistindo em apontar as diferenças, ou seja, fazer com que a qualidade do estudo evidencie por si mesma o potencial de contribuição dessa abordagem. Estabelecer demarcações rígidas, mais do que estimular, inibe o dinamismo do empreendimento acadêmico-científico.

Importante ressaltar que as pesquisas desenvolvidas em Cinesiologia seriam de natureza básica, ou seja, sem preocupação com a solução de problemas práticos. Os conhecimentos produzidos pela Cinesiologia poderiam ser utilizados em pesquisas aplicadas não apenas pela Educação Física, agora no sentido mais restrito, como também por outras áreas aplicadas que necessitariam de conhecimentos acerca do movimento humano como a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional, só para citar algumas delas.

A Educação Física, neste contexto, caracterizaria uma área de pesquisa eminentemente aplicada, de preocupação pedagógica e profissional, cujos conhecimentos serviriam de base para a elaboração e desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não formal (Tani, 1989). Assim fica claramente caracterizada a distinção e as relações entre a Cinesiologia e a Educação Física. A Educação Física estudaria academicamente os aspectos pedagógicos e profissionais a ela pertinentes através de pesquisas aplicadas. Essas pesquisas implicariam em síntese de conhecimentos produzidos pela Cinesiologia nas suas três sub-áreas - Biodinâmica do Movimento Humano, Comportamento Motor Humano e Estudos Sócio-Culturais do Movimento Humano - além de uma interação com outras áreas, particularmente a Educação e a Medicina, como tem ocorrido historicamente. A Educação Física seria constituída de duas sub-áreas: Pedagogia do Movimento Humano e Adaptação do Movimento Humano. A Pedagogia do Movimento Humano já é uma sub-área tradicional que dispensa maiores explicações. A Adaptação do Movimento Humano seria responsável por estudos que procuram produzir conhecimentos que sirvam de base para o desenvolvimento de programas de Educação Física a populações especiais, não só de portadores de deficiências, mas também de gestantes, cardiopatas, asmáticos e assim por diante.
Para uma melhor compreensão da relação entre Cinesiologia e outras áreas que tratam do movimento humano, e tomando o Esporte como outro exemplo, é possível adotar o seguinte raciocínio: o esporte enquanto fenômeno constitui-se uma das formas de manifestação do movimento humano e, como tal, seria objeto de estudo da Cinesiologia. Por outro lado, o Esporte, enquanto uma área profissionalizante, caracterizaria uma área de pesquisa aplicada, cuja preocupação seria de produzir conhecimentos capazes de solucionar problemas práticos da vida real, através de suas duas sub-áreas: Treinamento Esportivo e Administração Esportiva (Figura 2). Essas duas sub-áreas também já têm uma longa tradição em nosso meio, dispensando, portanto, maiores explicações.

Embora fuja um pouco do tema central desse trabalho, uma consideração acerca da distinção e relação entre os conceitos de Educação Física e Esporte se faz oportuna. As semelhanças e diferenças entre Educação Física e Esporte, enquanto fenômenos ou práticas sociais, têm sido objeto de inúmeros estudos. Uns têm destacado as semelhanças, outros as diferenças, mas no geral os argumentos apresentados têm sido suficientemente esclarecedores para mostrar que se trata de dois fenômenos distintos, porém relacionados (para uma análise mais detalhada veja, por exemplo, Betti, 1991).

O Esporte tem sido conceituado como uma ação social institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve com base lúdica, em forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, através de uma comparação de desempenhos, designar o vencedor ou registrar o recorde; seu resultado é determinado pela habilidade e estratégia do participante, e é para este gratificante tanto intrínseca como extrinsecamente (Betti, 1991, p.24).